Antes de mais nada quero me desculpar com os corintianos, torcida pela qual guardo o maior respeito e admiração.
Não estou produzindo um texto apaixonado pelo futebol ou por escolas de samba, muito menos criticando esta ou aquela torcida, ou ainda puxando brasa para a sardinha de alguém. Nada disso.
O fato é que fiquei incomodado com a entrevista coletiva que o fenômeno concedeu, na qual reclamava que o assédio da imprensa era demasiado cruel e entrava em questões que nada tinham a ver com esportes, mas com “futricas” envolvendo seu santo nome em vão.
O fato é que o nosso Ronaldinho é uma pessoa famosa, e seu nível de privacidade é menor que o nosso, pobres mortais que somos.
Para a imprensa (e “clicadores” de plantão) qualquer atividade do Astro corintiano é notícia, e nem sempre alvissareira.
E o fato é que as coisas mais incomuns a nós anônimos é que chamam a atenção nos astros. Nenhum de nós entra em determinado restaurante de bermudas; a ele, por ser famoso, tal conduta é franqueada. Nesse caso ele chama mais a atenção por estar vestido inadequadamente.
Imaginem se qualquer de nós aparecesse (e nos fosse permitido) de bermuda em um restaurante fino. Seriamos atração turística, mas teríamos nosso nome provavelmente oculto pelo desconhecimento de quem somos (já a imagem provavelmente iria para os jornais e revistas).
Da mesma forma que ocorreu no caso dos travestis. Caso em que, guardadas as proporções, o ídolo agiu de maneira honrosa, não se entregando à extorsão de que foi vitima. Fossemos nós os resistentes à investidas extorsivas dos travestis estaríamos preservados em nossa intimidade, mas o fenômeno é figurinha carimbada e não consegue escapar dos cliques.
Não é que eu defenda a imprensa, mas acho mesmo que o Ronaldo Nazário é pessoa pública e tudo o que ele faz vira notícia, quer ele goste, quer não.
Na coletiva ele reclamava que não era manchete em assuntos esportivos, porém isso deve ser porque esse tema deixou de ser prioridade para ele mesmo.
Junte-se a isso o fato de ele ganhar (sem adentrar nos méritos pessoais) uma fortuna para jogar bola e quem paga quer ver espetáculo. E quem paga somos todos nós quando assistimos aos jogos ou compramos algum produto que financia o atleta.
Não estou querendo dizer que somos donos dele, mas as notícias dele chagarão sempre que ele mesmo as produzir. Do mesmo quilate seria o Maradona querer que a imprensa parasse de dizer que ele se tinha viciado em drogas, ou o Phelpis dizer que a foto era particular e não deveria ter sido publicada por não ser de interesse do público. É, sim, de interesse geral que um atleta, campeão, bem remunerado e popular seja flagrado consumindo maconha ou cocaína ou entrando em trajes inadequados em restaurantes.
Fossemos nós os protagonistas, nos dois primeiros casos seriamos questão policial e no restaurante, provavelmente seriamos barrados na entrada (e se entrássemos chamaríamos a atenção dos demais). Às celebridades, o preço é a manchete, nem sempre honrosa.
Os artistas e atletas famosos não podem pretender ficar totalmente longe do foco dos órgãos de informação. Ter o seu nome lembrado pela imprensa ou serem assediados nas ruas, significa que a sua atividade profissional é valorizada. Tem, por isso, mais do que qualquer um do povo, o dever de suportar este incômodo da imprensa em geral ou mesmo do cidadão comum. Isto não quer dizer que quanto a estas pessoas, o direito de informar se torne absoluto. A exceção a esta regra é quando um ato da vida privada tiver reflexos relevantes na sua vida pública.
Assim, Ronaldo, continuaremos a ter notícias de sua vida privada enquanto ela for mais interessante que sua vida pública.
Faça os gols pelo seu time e a fiel aplaudirá, os adversários xingarão, e os jornais, enfim, darão o merecido foco.
Por enquanto, o que queremos saber é se você já encontrou o peso ideal, se decidiu separar-se ou casar-se, ou se traiu ou foi traído.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
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